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Lira Auriverde

by Onagra Claudique

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1.
eu em ti e teus cicios asseverando debaixo dos lençóis “eu te amo tão macio” “eu te segui desde outras vidas até aqui” tua vitória tens em mim está em tuas mãos eu te amo, minha senhora quem de nós vai buscar algo pra ajudar acordar melhor? “já que amanheceu nublado e faz tanto frio porque não ficamos por aqui?” eu te perdi nos teus desvios murmurando a própria comoção pelos cômodos da casa você me põe tão arredio arredio sussurrando as tuas falhas de conduta ao meu ouvido doendo-se pelos cantos nas tuas brumas turvas nas tuas curvas que nunca atingi “eu menti e vim de outras vidas até aqui pra rescindir meus pesares desatar os nós agora vai, que eu vou daqui sozinha” “eu vou” não vai sozinha você perdoe a palidez de minha luz que soçobrou e a projeção dessa sombra tenebrosa sobra além de mim e se distorce bem maior que eu o amor, a meu ver sempre foi deixar você sair, ir e vir, livre pra voltar quando quiser quando quiser voltar por que não paramos por aqui?
2.
como quem sonha com sede cede à sedução dos anseios mais primordiais até as brechas mais vagas da imaginação mil artifícios conduzem o leigo à preguiça em cada imagem a máxima de um preconceito hordas de bárbaros mansos que a plenos pulmões difundem suas teses de taxistas e o coração azul do pai palpita e traduz o injusto com aplausos ao ver privilégios onde há direitos larvas abortadas no quintal de casa prosperam com o espólio incauto da safra formada por jovens mais velhos que eu minha nostalgia serve a isca instiga o fetiche, projeta uma cifra no olho de vidro do CEO da empresa larvas abortadas no quintal de casa prosperam com o espólio incauto da safra formada por jovens mais velhos que eu minha nostalgia serve a isca instiga o fetiche,projeta uma cifra no olho de vidro do CEO da empresa a fé que é cega a seu defeito o despreparo da polícia a distração de ser artista e a instrução da classe média média
3.
espero que aceite o espresso fresco corante que entorna escuro passado com esmero amaro só pra manter esse teor de um paladar que destoa como me tortura má essa ternura pá de cal um gosto penso escoa ao seu lado oposto o meu desprazer tem que equivaler a esse sabor de doce basta a vida no decorrer dos meses em que passo na espreita enquanto você se vai eu tento me portar bem me conformar um tom vermelho aferroado tempero sal amargo como me tortura má essa ternura pá de cal que cultivas em torno de si um gosto penso escoa ao seu lado oposto rosa ferrugem água de quinino temperamentos qualquer coisa me arrasta às agruras das minhas raízes do bíter de angostura à temperatura gin zimbro seco amar gor
4.
vê se parece uma razão de ser apesar de todos os percalços que atravesso sei que ainda tenho lá meus predicados esperando pra nascer em papel ou em você de fato eu preciso descobrir uma forma de viver um dia após o outro sem sofrer oscilações do sacro humor que rege a vida e promove as decisões me diz qual é o segredo dos sensatos? quando estou de bem comigo eu deixo vir o peso que se encosta em mim disfarço e saio bem na contramão caso não se faça aquilo que se quer na vida uma cadência torta vale o comodismo da ilusão e eu que gostava do azar dizia me esquivar com graça dos buracos mas sempre me via num refutando o fardo que me cabe visitando os meus infernos ora sim e ora não e hoje eu reconheço que meu descompasso é fruto do que fui até aqui mas ainda tiro um riso fácil das situações mais adversas e que talvez lidar com os impulsos do coração se torne uma contradição ontem você soía se exaltar e desbocado fez calar até a mãe e hoje na crista de qualquer distração invoca a teima mas vive na corda bamba falando pouco amando menos dizem ser louco talvez ingênuo
5.
Sagração 08:51
(outono) na água gelada do teu rio o batismo que inicia o meu outono em tom febril é amarelo molha as minhas folhas e leva vela, Ofélia, por mim milagres ou quimeras ora, ora por mim nas águas passadas do teu rio é tanto banho de água fria como de praxe pela terceira vez num mês vai chover, chover, chover pra amadurecer, amor (primavera) num passado tempos idos eu calado, constrangido, enfim pude crer, minha vez está finalmente aqui que aurora tão minguada constituição mirrada florescendo tênue e sacra a tenra mocidade eu, receoso juvenil, o meu peito treme e arqueja e você sem dó, teu vestido leve despeja um frêmito encarnado e eriça o meu pudor ofegante face a face tão efêmero mal nasce e já esvai minha senhora nas alturas puras plenas sua alteza serena você vai me deixar essa noite um ramo invisível de alívio e dor mil calafrios vão da candura ao rubor tudo é tão triste tão belo tão revelador
6.
agitado em meio ao desespero de um alarme falso eu distingui sem alucinação Vênus que padece o mal de Alzheimer passou perto de você mas preferiu a mim já era tarde eu clamava em vão deusa sacana essa burla é antiga por favor suma daqui mas não se esqueça dela não tudo o que eu queria era poder te ver sambar deitada até aquele dia em que você topou jantar no japonês riu de mim quando eu tentei com os hashis e pra engrosso do escracho fez lembrar que eu sou um sem noção que a luz da minha casa é a lua que meu alaúde é um violão é um violão eu era da turma do Juninho que se esconde pra falar de amor uma vez surpreso no caminho delatei meu ato com rubor não conheço o melhor restaurante mas tenho uma pá de livro bom Dante, Safo, Pound e essência de Cortázar e Carlos Drummond e a gente convida um vinho tinto e o que de melhor a Bossa tem que é essa sensibilidade extrema pruma vida plena e frugal que uma farra boa a gente faz nesse paisinho tão difícil em verão sem praia ou dia frio em finados ou quartas de cinzas
7.
Poxa 02:44
eu que pensei tanto em te dizer coisas de ouvir e se gabar não custava muito pra entender um desejo humano e natural mas na hora H perdi o ar do ponto alto eu fui mais raso que nem ela pôde acreditar eu que faço pouco do que quero e do desejo eu sou vassalo incapaz de entender comigo desaprendo e num esforço em vão desesperado eu tentei me explicar errar eu sei é bem normal mas quinze vezes só eu ai meu... você me olhava e eu já sem juízo perguntava pra mim mesmo se o que te comovia era piedade ou riso
8.
Abafado 05:25
eu desejo que todo meu suor seja enxugado pelos lençóis você avisou mas não chegou em mim de um grande calor sem fim invente algum motivo pra me assoprar pode me morder se se desculpar está na hora de trocar a lâmpada muito embora este ambiente denote intimidade pode fazer arder seus olhos meu amor do começo ao fim do singelo cômodo conto apenas dez passos mas no final do dia vai amenizar e os pássaros vêm tranquilos (bem-te-vi) se eu derreter e você também nós vamos mesclar num só abafado
9.
Irresoluto 04:41
lá vem você oscilando diante dos “porquês” cautela antecipada traz um bem paliativo custo benefício do lucro relativo ao fim do mês além, aquém vagando nesse vai e vem um passo pra trás mais dois adiante diante dos bloqueios lá vem seus novos revolteios nutro um receio quero estacionar não te cansa a dança? eu e você nesse pas-des-deux no qual só se avança diante do conforto de retroceder se não te cansa dança eu e você nesse pas-des-deux no qual só se avança diante do conforto de retroceder todavia ainda nem brotou um mal pra ultrapassar se vier a força contra a consumação também virão recursos pra atenuar a qualquer momento os planos sofrem uma violação mantenha o andamento irresoluto
10.
Arrebol 04:32
não consigo mais manter o meu humor qualquer pressuposto basta pra desencadear o meu rancor na catraca do metrô querem passar três é tão desolador o Anhangabaú depois das seis no fim do horário comercial o itinerário é pra acabar comigo não tenho precedentes de sucesso no meu menor ingresso duas horas, três reais. a luz deixou a atmosfera fosca fechando o lusco-fusco no congestionamento da capital atingimos um montante expressivo na parcela do imposto não contém o desgosto de encarar duas conduções, um trem? o sol se pôs no contraponto do farol arrebol

about

A Onagra Claudique é o amor aflito que crepita infinito na ânsia da paixão, na mira torta do estrábico divisando as pernas da cortesã. É o devaneio do sensato, a falha trágica do gênio, a fleuma do estóico. É o vulto da culpa que habita o oculto, velado no canto do quarto. É o brio sépia dos retratos de família, o idílio dos urbanos. É a imensidão do leviatã, a dança da vingança e o mote de Ahab. A cachalote, a jubarte, a baleia baluarte. É a cruza anômala, a mula que meneia o lombo sempre adiante. É o cenho franzido, lendo as entrelinhas, arqueando as sobrancelhas. É a resina, o esmalte do néctar que tinge a garganta áspera do abstêmio. É o farfalhar da relva, os doces gorjeares da fauna gentil. Pois que assim seja, é o afeto que se encerra em cada peito, nossa Lira Auriverde juvenil.

credits

released October 8, 2014

Gravado e produzido por Fabio Pinczowski e Mauro Motoki @ Estúdio Doze Dólares

Mixado por Victor Rice @ Copan

Masterizado por Felipe Tichauer @ Red Traxx Music

Agradecimentos: Alfredo Christofoletti, André Felipe de Medeiros, Mariana Poppovic e Nicolau Dela Bandera

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Onagra Claudique São Paulo, Brazil

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